quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pedal da Primavera - De São Paulo a Florianópolis - Parte III

O objetivo de hoje é sair de São Chico e chegar em Balneário Barra do Sul. Um pedal leve, com baixa kilometragem e altimetria mais do que favorável.
__________________________________________________________


Não levantamos muito cedo. Até porque tínhamos que pedalar menos de 40 Km para alcançar o nosso objetivo do dia.
As bikes estavam praticamente prontas, apenas tiramos do alforge as roupas. As demais coisas estavam todas montadas.
Descemos então para o café da manhã que já fora servido.
Comíamos, ríamos e íamos fazendo os planos para aquele dia. A primeira coisa seria tirar algumas fotografias já que não o fizéramos na tarde/noite anterior. Primeiro porque tínhamos que definir onde passaríamos a noite, depois porque quando esta chegou a chuva chegou junto.

O Sr. Felício, sempre muito simpático, abriu o portão para que pudéssemos pegar as nossas bikes. Assim, nos despedidos do casal e das colaboradoras e seguimos em direção ao Centro para a sessão de fotos.

A manhã estava fresca e agradável. O cheiro suave do mar invadia as nossas narinas qual combustível a acelerar e animar as nossas pedaladas.

Na realidade o "cicloturista maluco" abaixo não está tentando encher o pneu com a boca. Ele simplesmente busca um ângulo para tirar a foto de um barco distante por dentro do aro dianteiro de sua bike. Coisas que só cicloturista sabe inventar, hehehe.

















Obrigado! Voltaremos, se Deus quiser!






Neste momento o Emerson disse que eu estava tão afoito que queria passar por cima do trem!!!



Encerrada a sessão de fotos de São Chico pegamos a estrada de volta para seguirmos em direção a Balneário Barra do Sul. Seguimos a SC 280 no sentido Araguari e logo pegamos a SC 495. 










Pronto! Estamos chegando.

Não foi difícil encontrar a casa do amigo Sandro Martins, afinal ele havia me passado dezenas de instruções, bem detalhadas. Ô amigo gente fina!
Chegamos e estava chuviscando levemente, mas logo parou. Fui logo descarregar a bike, pois um banho seria muito bem vindo. O Sandro avisara que mais a noitinha viria com carne para fazermos um belo churrasco. Anfitrião cicloturista é assim: além de emprestar a casa ainda nos recebe com um belo churrasco. (Que ninguém nos ouça: fora a geladeira repleta de latinhas de cerva!).

Balneário Barra do Sul é um pedacinho do paraíso. A casa do Sandro fica num lugar super bacana, cheio de verde, muitos pássaros, um sossego total. No quintal tem até uma casa de João de Barro! Canários da terra tem aos montes.



O Emerson ficou apaixonado pelo lugar. Bom, confesso que até eu. Quem não se apaixona por um lugar como aquele?!
Á tarde fomos até uma pequena praia que fica a menos de 100 mts da casa. A mamãe Quero-Quero, "want-want" como costumo chamar, queria nos estraçalhar, pois deveria ter seu ninho ali por perto e ficava piando forte para nos afugentar do lugar. Uma graça, coitadinha.









Em Barra do Sul combinamos de ficar um dia sem pedalar, só curtindo aquele lugar maravilhoso.
À noite o Sandro chegou com a carne para o churrasco. Batemos muito papo e nos apresentamos, pois apesar de trocarmos e-mails, participarmos do mesmo Fórum de bikes por longos anos, não nos conhecíamos pessoalmente. Pena que não pudemos também conhecer o irmão dele. Mas, outras oportunidades virão.


Antigão, Sandro e Emerson.



Até aquele dia nós não apresentávamos nenhum cansaço aparente. Tudo transcorria na mais perfeita tranquilidade.
No dia seguinte o Sr. Antonio Carlos Heil, pertencente ao grupo de cicloturismo do Odoi.org, que mora em Joinville, veio nos visitar. Grande cicloturista, até quase um ano mais velho do que eu, mas que pedala barbaridade. Foi um imenso prazer conhecê-lo pessoalmente, já que há tempos a gente troca mensagens sobre bikes de um modo geral. Quer conhecer mais um pouco das cicloviagens do Sr. Heil?  Então clica Pedal na Melhor Idade.


Emerson, Sr. Heil e o Antigão.



Após a visita do Sr. Heil, fui dar uma pescada alí por perto. Nenhum peixe, apenas algumas beliscadas. Talvez algum Siri, mas peixe que é bom, nada!

Lavamos as bikes, ouvimos música, até fui pego em flagrante dançando ao som de José Ramalho. Que dia maravilhoso, com direito a sol e tudo o mais.


Antigão dançando...




Emerson fazendo careta...



Passamos o dia de boa e a noite... tome chuvarada! Trovões, relâmpagos e a chuva caiu forte a noite toda! Amanheceu chovendo forte. Comentamos que só tínhamos duas opções: Ou continuávamos debaixo de chuva ou iríamos para Joinville e pegaríamos um ônibus para São Paulo. Escolhemos a primeira opção. O Emerson - cabra macho! - disse que nenhuma "chuvinha" iria nos tirar da estrada! Assim, nos preparamos para deixar a casa do Sandro e enfrentar a chuvarada.

O objetivo de hoje é chegar a Balneário Camboriú, mesmo debaixo de chuva.

O Emerson e eu equipados com corta-chuva, mas ele de sandálias havaianas e eu de sandália papete. Esse era o nosso traje de ciclismo mais adequado às condições climáticas, hehehe. Pedalar com tênis molhado ou mesmo clipado com aquele chuvão não dava. E que chuva!!!

Enquanto estávamos no asfalto, tudo bem. Mas esse acabou e aí sim veio o perrengue, hehehe. Até que por aqui não tinha tanta areia fofa, mas lama e areia que impregna tudo tinha de sobra. Tem horas que a gente percebe que tem areia até na boca, no ouvido, no nariz e não tem ideia como ela foi parar lá! O óculos melava e eu não enxergava mais nada. Os costelões de bisão joga a gente para cima e para baixo e tome pedal. 
A Nanika, por ser aro 20" tem a relação mais próxima do solo, portanto dava para ouvir a areia moendo tudo e sendo esmagada pela corrente, câmbios, etc. Adotei o seguinte princípio: Pedalar dentro das poças de água, assim eu ia "lavando" a relação, possibilitando a troca de marchas.




Em determinado momento avistamos um vendinha. Falei para o Emerson parar para ver se conseguíamos um café, mas o Sr. que nos atendeu disse que não vendia café por lá.
Eu estava enlameado dos pés à cabeça. Olhe e vi uma calha com o condutor quebrado que formava uma grande bica. Não hesite: Enfiei a bike com carga e tudo debaixo do condutor para lavar corrente e câmbios, enquanto o Emerson dava risada daquela cena bizarra.

A estradinha parecia não ter fim, até que chegamos na BR 101. Bom ali tinha asfalto, mas o vapor d'água produzido pelas rodas das carretas dava banho de meleca em qualquer cicloviajante que se atrevesse a pedalar naquele acostamento!
Houve um momento em que a chuva apertou mais e o Emerson mesmo estando a menos de 20 metros a minha frente, sumiu! Sim, desapareceu em meio a tanta água que caía do céu e das rodas dos caminhões! Iluminação ligada, mas nada adiantava diante daquele dilúvio.

Continuamos até chegar num Posto de Combustível da BR. Nossa, frentistas lindas, escolhidas a dedo! Elas nos emprestaram o esguicho para que lavássemos as bikes e, porque não, eu me lavei da cintura para baixo com o esguicho!
Entramos no restaurante para tomarmos um lanche, comemos pastéis, tomamos café quente e saímos para enfrentar a chuva novamente. Nosso destino era Balneário Camboriú e estava longe, bem longe.




Os municípios iam se sucedendo. Não sei se foi a friagem adquirida ao longo deste trecho de chuvarada, mas me recordo que nessa noite comecei a sentir dores na musculatura da coxa esquerda. Nem comentei nada com o Emerson, pois era uma dorzinha de nada que eu atribuí ao pedal do dia,





Opa, parou de chover, viva!!!




Confesso que eu estava tão vidrado na pedalada que se não fosse o Emerson me avisar eu passaria direto pelo Beto Carreiro World!










Penha, Navegantes, Itajaí e Balneário Camboriú parecem ser uma cidade só.

Com quase 90 Km pedalados, bem molhados e sujos chegamos em Balneário Camboriú. Fomos recebidos gentil e alegremente pelo Roberto Kirst, do Pedaladas (http://www.pedaladas.com.br/). Mas... isso é relato para outro dia. Por ora vamos ficando por aqui.

Na próxima e ultima parte:




Você conhece?










Onde será que o Antigão arrumou essa bela e confortável camiseta?
Sandália havaiana?!





Até agora baixas foi só o pezinho (descanso) da bike que partiu-se. No mais tudo OK.

Inté o próximo relato, pessoal!