Quem ainda não viu ou ouviu a frase "Tá estressado, vá pescar!"? Bom, eu estava estressado, então segui o conselho do ditado popular e fui pescar.
O Rio Paraíba do Sul
Essa minha parada obrigatória, ou pausa pungente, como costumo chamar, vai criando uma expectativa tão grande que em determinado momento me pego estressado, querendo que alguma coisa aconteça logo para me tirar desse marasmo.
Sexta-feira, 12/07/13, pensei, ora se não posso caminhar nem pedalar, posso pescar! Afinal pescando não estarei me esforçando fisicamente. Pelo contrário, pescando estarei relaxando e entre uma fisgada e outra, vou colocando a casa mental em ordem.
Já era de tardezinha quando saí correndo atrás de ingredientes para fazer uma massa que me faria pescar todos os peixes do Rio Paraíba do Sul. Pelo menos acredito que todos os pescadores pensam assim quando estão preparando suas massas - iscas - para pescar.
Massa preparada, tralha ajeitada, joguei tudo no porta-malas do carro e aguardei a chegada do dia seguinte, sábado pela manhã.
Acordei por volta das 5h30m muito bem disposto sabendo via meteorologia que o dia seria belo e ensolarado. Como não dirijo á noite e ainda estava escuro, aguardei até o dia ficasse bem claro para sair de casa. Escolhi a cidade de Paraibuna, no Vale do Paraíba, pois já conhecia o pesqueiro Mandizeiro, naquela região, sabendo-o seguro e com uma boa infra-estrutura pesqueira.
Av. Aricanduva, Marginal Tietê, Rodovia Airton Senna da Silva e lá estava eu seguindo em direção á Mogi das Cruzes. Emocionei-me ao passar pelos caminhos que muitíssimas vezes fiz de bicicleta, sentindo o vento fresco da manhã a acariciar o meu rosto. Na SP-88, pouco a frente de Salesópolis me veio á mente o pedal feito em janeiro/13 em companhia de amigos, quando passei mal, sentindo muita falta de ar e as vistas turvas. Seria já na naquela época o prenúncio dos males que estou enfrentando agora? Só Deus o sabe.
Fui devagar, apreciando a paisagem, embora eu bem que preferia estar de bicicleta, pois a bike anda na mesma velocidade da natureza, permitindo uma melhor apreciação da paisagem.
A Rodovia dos Tamoios está em obras de duplicação, aliás, fica aqui o aviso aos amigos cicloturistas, que está impraticável pelar por essa rodovia. Assim, demorei um pouco para fazer os 18 Km do trevo até a entrada da Estrada da Represa de Paraibuna.
Que gostoso rever o Rio Paraíba do Sul e suas águas tranquilas! Se bem que o vi quando voltávamos de uma cicloviagen ao Sertão da Bocaina, mas é diferente poder pescar em suas águas.
O Mandizeiro Pesca e Lazer - http://www.mandizeiro.com.br/
Cheguei ao pesqueiro, montei a barraca e fui pescar. As margens do rio estavam lotadas de pescadores. Foi difícil encontrar um lugar para jogar o anzol no rio. Logo fiz amizades com as pessoas que pescavam á minha volta e descobri tristemente que nenhum deles havia pescado um peixe sequer. Nem beliscando os peixes estavam. Bom, então o problema não é de minha massa (isca) insuperável. Os peixes é que estão preguiçosos ou sem fome!
As horas passaram e nada! O pessoal me avisou que a melhor isca para o local era o queijo. Queijo???!!! Haveria peixe rato por lá? O Marcelo, neto do Sr. Otavio, brincou dizendo que treinou os peixes para comer queijo, haja vista que ele vende queijo na lanchonete. Não hesitei, fui á lanchonete do pesqueiro e comprei um naco de queijo. Para ficar melhor ainda andei uns 100 metros e fui a uma casa que vendia minhocas. Comprei um pote de minhocas por R$ 5,00.
Erro de concordância na plaquinha, mas deixa prá lá. Gente muito humilde.
Agora ninguém me segura, pensei! Massa, minhoca e queijo é tudo o que eu preciso para tirar o maior peixe do rio! Ledo engano! A manhã passou, bati um marmitex lotado até a boca, descansei um pouco e fui para a beira do rio novamente. A tarde passou e nada! O meu consolo era saber que os demais pescadores também estavam frustrados por não pegar um peixe sequer.
O pesqueiro abre ás 6 da manhã e fecha ás 19 horas. Após esse horário só fica quem contratou a pescaria noturna. Um senhor japonês e eu ficamos. Pouco antes das 19 horas fui á lanchonete para comer um lanche caprichado, afinal a noite seria longa. Os pescadores que se foram deixaram comigo as suas iscas: minhocas e bichinhos. Infelizmente ninguém deixou um bom pedaço de queijo.
Lanchonete do pesqueiro.
Após o lanche fui para a beira do rio. O Sr. Otávio deixou acesas as luzes dos locais onde ficaríamos. Mesmo assim a head lamp ajudou bastante.
Estava tudo calmo quando a linha deu um puxão e lá veio um Mandi Chorão no queijo. Trouxe-o até a beirada, mas como tinha capim a linha deu uma enroscada e o danadinho se mandou levando o anzol e empate tudo junto. Caramba!
Não demorou e outro puxou. Este não perdi. Depois mais outro, mais outro, mais outro. Até meia noite peguei uns 15, fora os pequeninos que eu jogava no rio pedindo que mandasse o pai dele para o anzol. Outros peixeis, tais como Piaba, Curimbatá, Traíra, nada! Só Mandi e com queijo.
O Mandi chorão ou Mandi amarelo. (Foto da Internet).
Meu queijo estava acabando e o intervalo entre um peixe fisgado e outro começou a ficar muito grande. O sono bateu. Fui até o amigo "japonês" e ele também só tinha pegado Mandis. Estava frio, pois estávamos envolvidos na grossa neblina. Em determinado momento fui até a barraca e esta estava molhadinha do sereno forte.
Eram 2 horas da madrugada do domingo e eu havia fisgado apenas mais 5 Mandis. O sono falou mais forte. Recolhi todas as tralhas e fui para a barraca dormir. Que frio!!! Entrei no saco de dormir, fechei o ziper até o pescoço e peguei no sono imediatamente.
Acordei pouco depois das 6 horas com o barulho de pescadores que estavam chegando. Abri o ziper da barraca mas não tive coragem de por meu pobre corpo quente naquela friaca danada.
Foto do rio ás 7 horas da manhã: um gelo!
Pouco depois levantei, afinal eu tinha que ir para casa. Quando levantei vi que o Japonês já se fora. Ele é conhecido do pessoal do pesqueiro. Arruma as coisas e quando o portão abre pela manhã ele já está pronto para ir embora.
Desmontei tudo, joguei no porta-malas do carro e fui tomar um café bem quente com pão e manteiga na chapa.
Acertei as contas, despedi-me do pessoal e peguei a estrada de volta para casa. Próximo das 10 horas da manhã eu já estava colocando o carro na garagem.
Foi um final de semana muito legal e desestressante. Voltei com outro ânimo.
Sabem qual foi o prato do dia de segunda-feira? Mandi frito! Uma verdadeira iguaria.
Assim, recomendo a todos que se acham estressados, uma boa pescaria de Mandis amarelos, hehehe!
Agradecimentos ao pessoal do Mandizeiro Pesca e Lazer - www.mandizeiro.com.br
Grande abraço do...
6 comentários:
Tudo bem Antigão? Acompanho sempre seu blog e queria te dizer para não se deixar abater. Em breve você estará queimando asfalto, levantando poeira nas estradas de chão e curtindo muitos lugares novos montado em sua bike. Confiar em Deus é o melhor remédio para todos os nossos problemas. Um grande cicloabraço e não deixe de escrever suas aventuras.
Que beleza, mestre. Deu até vontade de voltar a pescar. Acho que vou me programar pra ir ao mar. : )
Abraço!
Olá, SDINIZ!
Não que eu esteja super tranquilo, o abatimento momentâneo é até normal. A gente que está acostumado às aventuras se ressabia um pouco quando somos obrigados a ficar parados. Mas são momentos passageiros, graças a Deus.
Obrigado pelas palavras de fé e incentivo!
Um grande cicloabraço!
É isso aí grande Fábio! Pescar também é um ótimo lazer. No mar melhor ainda.
Pegue umas boas tainhas aí por mim!
grande abraço!
Pesqueiro com nome de Mandi, espanta qualquer pescador, mas essa dos peixes
sumirem foi ainda pior xD
Divertido seu relato da pescaria.
[]s ;)
Beleza Gilmar!
Tem um riacho, afluente do Paraíba do Sul, que corta o camping num de seus cantos. Esse é o paraíso dos Mandis. No Paraíba mesmo não estava dando nada.
Quando estava de saída ouvi um pescado dizendo que se pegasse algum Mandi o jogaria na água. Conversa de pescador! Garanto que ele jantou Mandi frito, ahahahahah!
Grande abraço!
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