segunda-feira, 21 de março de 2011

Chuva não quebra ossos! Mairiporã 2011

Olás,

Há algumas semanas o Demétrius vinha falando em pedalarmos juntos para Mariporã. O clima não estava ajudando, pois o substantivo "chuva" estava presente em todas as frases pronunciáveis.
Bom, mas quem é o Demétrius? É um grande amigo que me incentivou bastante no passado. Foi junto com ele e outros amigos que recomecei a pedalar, aliás, Mairiporã-SP, foi um de nossos roteiros em 2008. Pois bem, como teve que fazer uma cirurgia acabou por se afastar dos pedais desde aquela época.

Assim, sabendo que o tempo iria dar uma leve melhorada acabamos marcando para este fim-de-semana, 20/03/2011, esse pedal dominical, que foi sobejadamente prazeroso.




Mas... vamos começar do começo...

A manhã de domingo estava fria e garoenta. Antes das 6 da manhã já estavamos falando ao celular. Afinal, iríamos ou não iríamos, com aquele tempo meio estranho e borocoxô? Estávamos determinados: Nenhuma garoa sem graça iria nos demover daquele passeio tão almejado. Pronto, estava decidido!

Marcamos para as 7 horas o encontro na Av. 19 de Janeiro.  Levei blusa de nylon, capa, só faltou o guarda-chuva!

Passava um pouco das 7 hrs 
quando nos encontramos.


Preocupava-me o fato do parceiro estar fora dos pedais há mais de 2 anos e enfrentar esse ciclotur de aproximadamente 80 Km! Não era só isso!: Tinhamos duas serras para vencer, uma na ida e outra na volta, pois para Mairiporã a gente sobe até o túnel, desce para Mairiporã e na volta faz tudo ao contrário: sobe até o túnel, depois desce para Guarulhos - São Paulo.

Mas, estávamos empolgados, nada nos impediria de ver novamente o verde da mata da Serra da Cantareia, sentir aquele frescor agradável que emana da natureza. Outrossim, a garoa soava como um impulso favorável, tornando o ar mais respirável e os músculos mais animados.
A garoa e o vento frio também tem o poder de afastar possíveis meliantes, já que essa era também uma de nossas preocupações.  O Demétrius mandara a bike para revisão no sábado anterior e o seu mecânico lhe dissera que a região continha algum perigo em relação á roubo de bikes. 

Mas, graças a Deus, sempre andamos com a proteção Divina.

Em Guarulhos, na marginal
da Rod. Fernão Dias.



Chegando perto da serra.


Agora já subindo a serra e apreciando toda a sua exuberância.








Chegamos no túnel da mata fria.  
A Garoa está ficando mais forte!


Saímos do outro lado do túnel que parecia o "túnel do tempo". Ventava frio e a garoa estava bem forte.

Guardei a máquina fotográfica e descemos voando! Mesmo com a garoa forte e o vento frio atingimos a marca de 52,1 Km/h. Eu só estava enxergando por uma fresta entre a viseira do boné e acima das lentes do óculos, pois estas estavam cheias dos pingos da chuva!

Paramos num posto de combustível para renovar as energias. (Não, ninguém bebeu gasolina!) Comi um espetinho de frango à milanesa, tomei um café e levei um isotônico para o resto da viagem. O Demétrius se contentou com apenas um isotônico.

Logo alcançamos a entrada da Cidade de Mairiporã, com  38,7 Km pedalados.






A longa e rápida descida nos deixou com frio. Precisávamos pedalar logo de volta para nos aquecermos.
Assim o fizemos.
Modéstia a parte, como estou bem condicionado não senti a longa serra de volta, mas o parceiro sentiu. Eu ia pedalando atrás dele imaginando como estariam doendo as suas pernas e região glútea. Não é fácil ficar dois anos longe dos pedais e depois enfrentar 80 Km de pedal com praticamente duas serras longas e intermináveis para vencer!



Oh, meu Deus, ainda falta tudo isso?


Estamos tão perto de Sampa e nos deleitamos com tanto verde!


Opa, túnel chegando!  Isso significa 
fim de serra (prá cima) 
e início de serra (prá baixo)!


Depois dessa "luz no fim do túnel" é só descer, descer, descer, até...



O pneu furar, ahahah!


Mas o biker que se preza troca a câmara sorrindo e continua o passeio até chegar em casa numa boa.

Abaixo um vídeo muito hilário que fiz na volta, pois na ida a garoa forte me obrigou a guardar a máquina.






Foi um domingo diferente.

Quero parabenizar o Demétrius que com muita garra e determinação enfrentou a falta de treinamento, a garoa, o frio, e curtiu o passeio numa boa.

Agradeço a Deus por nos proporcionar mais este momento de lazer e descontração e poder compartilhá-lo com todos os que nos lêem.

Km pedalados: 78,95
Velocidade máxima: 52,1 Km/h
Velocidade média: 14,7 Km/h
Tempo de pedal: 5h.21m.07s

Baixas: Um pneu furado da minha bike.

Inté a próxima!


sábado, 19 de março de 2011

Boraceia - Pedalando na escuridão!

Olá pessoal!

Neste sábado, 12/03/2011, cansado de ouvir a palavra "CHUVA" e vê-la inserida em todos os textos e contextos, resolvi dar uma escapada em direção ao Litoral Norte - Boracéia - como costumeiramente faço quando me acredito estressado. Boracéia é uma das praias do litoral norte de São Paulo que fica no município de Bertioga. Há uma outra praia denominada de Boracéia II, que fica além do Rio Boracéia, já no município de São Sebastião. Desta vez nem o "Sombra" quis me acompanhar, embora a previsão do tempo estivesse anunciado a volta do sol no litoral norte.

(Obs. Clique nas fotos para ampliar).



Cinco horas da manhã, bike carregada e lá vou eu feliz e sossegado pedalando após ter me despedido da esposa. A noite estava um breu danado!


Logo que cheguei a altura da Vila Carrão fui recebido por alguns pingos esparsos de chuva, mas como passaram rápido e o céu estava escuro continuei pedalando em direção á Rodovia Airton Senna da Silva.

Logo o dia começou a clarear e eu pude ver que os Metereologistas estavam certos: Um dia lindo me esperava! Ah, como eu fora esperto saindo para pedalar nesse dia!


Imagens sempre falam mais do que palavras, né?!


A Rodovia Airton Senna não é mais aquela rodovia tranquila para pedalar. No trecho que vai do Posto da Polícia Rodoviária até o acesso a Av. Trabalhadores-Jacu Pêssego, uns 4  a 5 Km a concessionária acabou com o acostamento farto que lá havia, transformando-o em pista. Aliás, na terra do "carro" isso é tão comum que já não me espanta mais ver os caminhões quase arrancando um pedaço dos meus ombros! Tive que imprimir uma média maior para vencer logo aquele trecho perigoso.


Logo venci o trecho mais perigoso e fiz a minha primeira parada, como de praxe, no Posto do Km 30. Naquela altura o ceu já estava totalmente acinzentado e minha crença nos Metereologistas caiu por terra. Talvez eu até enfrentasse alguma garoa na serra.


Logo que saí, após um delicioso pão na chapa e um copaço de ovomaltine, fui abordado por dois senhores motociclistas. Aquelas motos enormes, que passam pela gente zunindo que nem besouro e a gente mal consegue vê-las.
Pois bem, queriam saber de onde eu vinha e para onde ia. Lógico que após a minha saída devem ter comentado "Que véio mentiroso!", tal foi a maneira que se entreolharam.

No fim o tempo ficou cinzento e fresco até ajudando na pedalada, embora eu estivesse meio chateado por pedalar na Airton Senna cheia de caminhões fumacentos e ruidosos.

A estrada vista por uma bike...



Fiquei abismado com o tamanho do trem. Nem me preocupei em contar os vagões! Não coube numa foto só!




Quando vi essas placas me animei




um pouco mais, afinal eu iria sair do barulho e da fumaça.

Agora sim, menos barulho, menos fumaça e um pouco mais de verde.



Segunda parada: Em frente a Casa do Queijo, já em Mogi das Cruzes.


Até lembrei que alguns anos atrás eu chegava até aqui e voltava. Ida e volta 100 Km, um bom treino.
Poxa, limparam tudo por aqui e até tem uma passagem por baixo da pista para quem quer parar por aqui e chegar até a Casa do Queijo, já que não há como atravessar a pista, em vista das muretas altas e vão entre as pistas.

Fotos da passagem...




Olha eu aí! Com a minha  
camisa "Seja visto".


Quando comprei essa camisa lembrei de um amigo do Fórum Pedal, que era louco por uma camisa dessa!...
Depois de subir... subir... subir... avista-se Mogi das Cruzes lá embaixo. Aí é descer... descer... descer... voando!!!



Parei em Mogi o tempo suficiente para tomar um cafezinho preto. Gosto de café. Rapidinho atravessei Mogi e cheguei na Rod. Mogi Bertioga.


Estava muito feliz pois minha média estava em torno de 18,3 Km/h e esse era meu objetivo. Precisava chegar na serra antes da 12 horas!

Observem a placa abaixo...


Embora a fiscalização seja falha e a gente acabe observando muitos motoristas de caminhão ignorando totalmente este aviso, evidente que descer a serra antes das 12 horas é um baita negócio para quem está de bike!

Mais uma parada rápida...


Parei em Biritiba Ussu para comer um espetinho de frango e tomar uma coca-cola zero. Neste trevo há uma coxinha gigante que não é só massa não! É recheio puro! Muitíssimo saborosa. Quem for descer pela Mogi-Bertioga deixe para parar no trevo de Biritiba Ussu e provar a deliciosa e avantajada coxinha. Todos os salgadinhos de lá são deliciosos. Recomendo!
Dá gosto de pedalar 
em meio a tanto verde!


Mas o ponto alto desse passeio é quando a gente avista essas placas!



Nunca me lembro o nome correto deste Rio. Não sei se é Guapó ou Guapé. Fica bem antes da cachoeira, onde tem o mirante. Mas de toda a forma é belo vê-lo rasgando as pedras em direção ao vale.


A tradicional foto da cachoeira...



As nuvens pairando sobre as montanhas...


O final da serra visto por uma bike...

Chegando em Bertioga...




Trevo Bertioga X São Sebastião.




Até este momento praticamente nenhuma gota de chuva chegara até a minha pessoa. O ceu esteve sempre encoberto, mas nada de chuva.
Entrei pelo acesso á São Sebastião e continuei o pedal em direção a Praia de Boracéia.
Não sou de fotografar e postar tragédias, embora já tenha me deparado com várias delas no decorrer desses anos de cicloturismo. Neste caso vou mostrar porque nem se trata de uma tragédia propriamente dita, mas da Natureza cobrando o seu preço de quem estava despejando entulho ao longo da rodovia.

Olhem só o que aconteceu 
ao caminhão basculante...


Desceu de ré junto com o entulho que estava despejando!!!


Esta cena foi fotografada na Rio-Santos,  subida da Petrobrás, onde a pista de divide ao meio. Pedalei mais uns três Km e... onde está a minha máquina fotográfica??? Procurei-a por toda a parte e não a encontrei! Já sei, deve estar caída no acostamento!

Neste momento tive que dar um tiro de volta. Para quem já havia pedalado perto dos 120 Km dar um tiro a esta altura foi terrivel! Mas, por outro lado, muitos ciclistas trafegam pelos acostamentos dessa rodovia, e se alguém encontrar a máquina caída por aí?! Não foi fácil sentar a bota nos pedais, cansado e com a bike carregada!

Acabei encontrando a máquina bem em frente ao caminhão sinistrado, mas minhas pernas e  meu fôlego esgotaram-se totalmente. A máquina não sofreu dano algum. Menos mal.
Logo me refiz e continuei pedalando em direção ao meu destino.

Daqui ouve-se o mar, mas quase não o vemos. Ele está majestoso e belo além daquelas árvores.


Após 129 Km pedalados, cheguei!
São apenas 13:30 horas.



Agora é tomar um banho, montar a barraca e curtir o passeio. Por os pés na areia, hoje meio gelada, é uma delícia!



O passeio foi ótimo, comi dois enormes e saborosos peixes fritos, alguns espetinhos de camarão, passeei ao longo das praias, tudo numa boa, mas o que veio depois... foi revoltante!
Para resumir, eu notara que haviam construído um enorme palco coberto ao lado do Camping, no terreno pertencente ao Camping. Perguntei para algumas pessoas e estas me disseram que haveria um show no domingo. Assim, fiquei sossegado em relação ao meu sono confortável. Mas... meia noite e meia e o som fazia a minha barraca tremer! Ainda bem que eu dormira um pouco no final da tarde, porque senão estaria perdido!

Quando cheguei avisei o rapaz que toma conta do Camping e ele pediu para que eu fosse armar a barraca que depois ele passaria lá para acertarmos.

Como eu ainda não havia pago nada, pois ele não passara, e com o som a todo vapor, resolvi cair fora, aproveitar o frescor da madrugada e pedalar até Bertioga, apenas iluminado com o meu pequeno mas bravo farol K-Lite de 8 Leds.
Assim o fiz.

No vídeo abaixo não dá para perceber, mas eu estava enxergando bem a estrada ao pedalar no breu noturno.



Graças a Deus, 3 horas da manhã eu estava  em Bertioga, comendo um pastel de carne e tomando um guaraná na Barraca do Pastel do Trevo, que fica aberta dia e noite todos os dias.

Fiquei por ali conversando com o guarda e como o sono foi apertando, resolvi pedalar até a Agência de passagens e plataforma de embarque da Litorânea, empresa de ônibus que me levaria até a Rodoviária do Tietê, em São Paulo.

Cheguei ás 4 da da manhã, tudo fechado. Há um grande puxadão coberto na frente da agência, assim, encostei a bike, passei o cadeado, me sentei no chão, encostado á parede, quando desabou um chuvão daqueles! Começou a ventar frio, devido á chuva, então não hesitei, peguei o saco de dormir e entrei dentro.

Ah, aquele calorzinho... o sono pegando... dormi! Sim, dormi meio sentado, meio deitado, até sonhei!

Uma buzina soou ao longe, mas não estava longe. Eu sim, estava longe num sono profundo! Acordei com o som da buzina de um gol que trazia a funcionária para abrir a agência. Passava alguns minutos das 6 da manhã.

Me ajeitei, fui ao banheiro, lavei o rosto e quando perguntei pelo ônibus, surpresa!: Sairia as 6:40 hrs da manhã, mas não havia mais passagens! Eu e mais alguns pretensos passageiros teríamos que esperar até a chegada do ônibus para ver se sobrariam lugares. Eu fazia figa com mãos e pés quando o ônibus chegou. Tinha os lugares, mas... a bike não caberia no bagageiro!

O motorista, um sujeito tosco e irritadiço, depois de eu ficar buzinando na orelha dele, disse "Se o senhor conseguir colocar a bike aí..."

Minha nossa, só uma bike de borracha entraria ali! Haviam centenas de malas! Parecia que todos os moradores de Bertioga resolveram viajar com suas enormes malas bem naquele ônibus!

Um jovem passageiro veio em minha direção reclamando da desatenção do motorista á minha pessoa e me ajudou a "espremer" as malas para colocar a bike. Empurra daqui, espreme dali, conseguimos!!! Obrigado amigo desconhecido pela imensa força! Deus te abençoe!
Entrei no ônibus e caí num sono profundo!

Acordei com o motor do ônibus sendo desligado... nossa, já estávamos na Rodoviária do Tietê!

Dez horas da manhã saí pedalando pelas ruas adjacentes em direção ao Tatuapé. Enquanto pedalava os acontecimentos daquela noite iam passando pela minha cabeça. Afinal até que o fato do barulho ter me expulsado do Camping não fora de todo ruim. Pedalar na noite fresca, ouvindo o mar a distância, sentindo seu vento, seu aroma, até que fora um experiência muito agradável. Naquela manhã de domingo eu até sorria... estava feliz pedalando em direção á minha casa.

Subi a Rua Tuiuti, passei pela passarela do Metrô e acessei a Ciclovia do Verde, no Tatuapé. Um biker passou por mim e chamou: Waldson! Era o Adalberto Melo, um amigo do Fórum Pedal que eu ainda não conhecia pessoalmente. Batemos um bom papo e nos despedimos.

Cheguei em casa precisamente ás 11:30 horas, ainda com sono, mas feliz, pois fizera um passeio diferente.

O prazer havia superado a raiva, o rancor por ter sido acordado no meio da noite com um som ensurdecedor.

Pedalar é isso; um prazer que supera todos os rancores, medos e estresses.

Agradeço a Deus por ter me proporcionado mais esse momento de prazer e descontração. Que a Sua imensa luz, que iluminou os meus caminhos noturnos, também ilumine os caminhos de todos os que nos lêem e nos acompanham virtualmente.

Kms. pedalados: 179.

Baixas = Nenhuma. Só altas!

Até a próxima, muito em breve!