25/06/2011 - Sábado
3º Dia:
Do ponto de vista do cicloturismo, neste terceiro dia praticamente não pedalei. Fiz apenas alguns pedais curtinhos pelas redondezas e aproveitei para ir ao mercado encher a despensa.
Fui até a Vila, pedalei na ciclovia e fiz algumas fotos.
(Clique nas imagens para ampliar)
No Camping...
A preguiça do gato...
A beleza da fruta-pão...
Opa, água no fogo! Vai sair o café fresquinho!...
A lavadeira (pássaro) que me acompanha
onde quer que eu vá e tenha água.
As praias da Barra praticamente desertas...
A ciclovia á beira mar...
A homenagem ao caiçara...
Logo após a hora do almoço o sol desapareceu. A tarde ficou escura e um pouco fria. As ruas ficaram desertas e o Antigão foi tirar uma boa soneca.
Assim terminou o 3º dia, vendo tv, ouvindo música e descansando.
26/06/2011 - Domingo.
4º Dia:
Acordei com um dia maravilhoso, cheio de sol e a musicalidade dos pássaros. Até os roncos estranhos dos Biguás estavam afinados com o som estridente das Maritacas.
Caprichei no café da manhã, por mim mesmo preparado. Haviam apenas mais duas outras barracas no Camping e pertenciam a dois rapazes de Campinas-SP.
Café, leite, chocolate, pão, frios e frutas faziam
parte do meu cardápio naquela manhã.
Uma vez bem abastecido de proteínas parti para o meu programa de domingo, que consistia em pedalar pelo Sul da Ilha em direção a Ilha das Cabras.
Bike arrumada, vesti-me a caráter e sai pedalando de boa, sem pressa.
As paisagens vão surgindo de encontro á câmera enquando a bike sobe e desce naquela estradinha cheia de subidas e descidas.
Logo avistei a famosa Ilha das Cabras. Este local é uma reserva ecológica conhecida por apresentar ótima fonte para os mergulhadores. Contém cardumes de espécias diversas e naufrágios repletos de vida marinha.
Uma paradinha para uma foto e descanso.
Aqui é a Praia Grande, local onde acabara de ocorrer uma prova de corrida.
Estradinha pitoresca, com pouquíssimo
movimento para o feriadão.
Alguns hotéis/pousadas com fachadas belas e pomposas.
Será que se hospeda só quem tem carro preto?
Praia do Curral, onde parei para um descanso,
pois a estradinha é um sobe e desce só.
Casarão muito antigo confeccionado com barro e bambús.
A beira da estradinha há recantos tranquilos e calmos como esse.
Só fui até a Praia do Curral e comecei a voltar, pois começou a ventar bastante denotando uma grande mudança de tempo que estava por vir.
Numa das praias (passei por várias durante o trajeto) fui abordado por um amante do ciclismo como eu. Ele ficou maravilhado com a estradeira e sua configuração. Chamou até uns amigos para vê-la e fez vários comentários. É proprietário de um bar na praia. É portador de um grave problema de saúde e encontrou nas bikes a maneira de manter-se em forma. Ficamos um bom tempo falando sobre bikes e componentes.
Para o lado da Ilha o tempo parecia bom, mas o vento estava forte do lado do mar.
Ao longe pode-se ver a Ilha das Cabras no meu caminho de volta.
Fiz uma curva, iniciei uma subida e... avistei um cicloturista que vinha em sentido contrário com uma bike carregada.
Adivinha se não paramos para um bom papo e umas fotos!
Tratava-se do Samuel, cicloturista que saira do Guarujá pedalando para cá. Estava em busca da casa de um amigo caiçara que lhe daria abrigo.
Sua viagem se iniciou em Bauru, no Estado de São Paulo, de onde saiu de ônibus até o Guarujá. Nunca tinha feito uma viagem dessas, mas estava visivelmente maravilhado.
Não há dúvida que foi infectado pelo vírus do cicloturismo. Agora não tem mais jeito!
Samuel e nossas bikes.
Da esquerda para a direita, eu e o Samuel.
Estávamos num bom papo, eu de costas para o mar, quando o Samuel disse: Olha a chuva que vem vindo lá! Quando eu olhei, tomei um susto! Do mar se via um chuvão ao longe. Despedimo-nos rapidamente com a promessa de trocarmos e-mails futuros e cada um seguiu o seu caminho.
Voltei pedalando forte, a despeito das subidas, pois queria chegar ao Camping antes da chuva e cobrir a barraca com a lona plástica que eu levara exatamente para esse fim.
Cheguei. Bem cansado mas cheguei antes da chuva! Corri cobrir a barraca e mal acabei de fazê-lo a chuva chegou, trazendo com ela o frio e o vento forte.
Barraca coberta, até com varanda!
A temperatura comecou a cair abruptamente e o vento foi ficando cada vez mais forte. A noite chegou e eu estava com fome mas não queria sair da barraca. Estava chovendo muito forte. O som dos grandes pingos sobre a lona plástica era amplificado dentro da barraca.
A chuva e o vento deram uma pequena pausa e saí correndo até a lanchonete mais próxima onde enguli famelicamente uma calabreza com queijo no pão francês. Uma Coca zero fez companhia ao sanduba. Que delícia!
Estava ficando cada vez mais frio e, como estamos no inverno, preventivamente levei gorro, luvas e meias de lã, assim como calça de agasalho forrada e camisetas de algodão com mangas longas. Vesti tudo isso e entrei dentro do saco de dormir. Mas... dormir como??? O vento uivava assustadoramente lá fora! A barraca estava para ser arrancada com plástico e tudo a qualquer momento! Era assustador! Eu, mesmo aos 61 anos, nunca tinha passado por uma sensação dessas, dava medo!
Pensei até em sair com colchão e tudo para a área coberta do Camping, onde há a churrasqueira, mesas e cadeiras, mas confiei no Papai do Céu e fiquei dentro da barraca mesmo.
Foi uma noite medonha! A chuva parava um pouco, o vento amenizava e minutos depois tudo recomeçava novamente. Da barraca, por volta das 22 horas até quase o clarear do dia entre cochilos eu podia ouvir os motores das Balsas trabalhando a todo o vapor para não irem a pique, mesmo ancoradas!
No dia seguinte, ao conversar com um dos operadores das balsas quando fui a São Sebastião comprar a passagem de volta, eu soube que as balsas interromperam os serviços as 22 horas e só retornaram por volta das 6 da manhã do dia seguinte. Muita gente que chegara nesse horário no pier em S. Sebastião buscando a travessia para as suas casas, dormiram improvisadamente nos bancos gelados, enfrentando a noite álgida.
No Camping, além de galhos, garrafas plásticas espalhadas, latões de lixo virados um velho e alquebrado abacateiro sucumbiu diante da força do vento.
Galho da Fruta-Pão quebrado e caído ao chão.
27/06/2011 - Segunda-feira.
5º Dia.
A segunda-feira amanheceu fria e chuvosa. Ainda ventava, mas já não era tão forte. Fiquei deitado até tarde ouvindo a chuvinha lenta e metódica caindo sobre a lona plástica que, salvo um lado que se despreendeu, resistiu heroicamente á força do vento da noite anterior.
Eu estava com muito sono.
Mesmo assim, acabei vestindo uma capa de chuva e saí para tomar o café da manhã. Tomei o café e fiquei por ali vendo tv, todo encapotado. Liguei para Dna Fátima avisando-a que eu não iria embora naquele dia como prometera no dia anterior. Sair com aquela chuvinha e frio não estava no programa. Apostei numa melhora do tempo no dia seguinte.
A hora do almoço a chuvinha passou e chegou até a sair uns raios de sol. Parece que a minha aposta daria certo!
Fui a S. Sebastião comprar a passagem de volta para o dia seguinte, como relatei acima.
Na balsa, de blusa de Nylon e tudo.
As imensas nuvens sobre o continente
era um espetáculo a parte.
No caminho para a Rodoviária aproveitei para dar uma prosa com o pessoal da Radical Bike, os quais me ajudaram muito em 2009 quando tive o cubo traseiro da bike quebrado, quando ia em direção á Paraty-RJ.
Assim, comprei a passagem da Viação Litorânea, com destino a Rodoviária do Tietê, em São Paulo. Sairia no bus das 10:40. Quando perguntei sobre o embarque da bike para o atendente, ele me respondeu sorrindo: "Sem problemas, Sr."
Esse pessoal da Litorânea é muito bacana com os cicloturistas.
Voltei para a Ilha na balsa das 17 horas. Ah, eu fui a pé, queria caminhar um pouco para esquentar, portanto deixei a bike no Camping.
Fui dormir cedo, pois queria levantar cedo no dia seguinte.
28/06/2011 - Terça-feira.
6º Dia.
A aposta deu certo!!! O dia amanheceu belo e ensolarado!
Aproveitei a manhã ensolarada para dar uma limpada na barraca, antes de desmontá-la totalmente.
Peguei a balsa das 9:30 para S. Sebastião e 9:55 já estava do outro lado, pedalando em direção á Rodoviária.
Rua da Praia, em São Sebastião.
Chegando na Rodoviária e se preparando para o embarque.
Bom, agora é descansar um pouco, curtir a viagem de volta até a Rodoviária do Tietê e de lá, sair pedalando até em casa.
Ás 14:30 horas, chegada á Rodoviária do Tietê em Sampa.
Passando por sobre a Marginal do Tietê em direção ao Brás.
Duas horas depois cheguei em casa. Estranhei ter demorado tanto, mas estava muito trânsito, muitos semáforos fechados, pessoas com imensos carrinhos na região do Brás. Mas cheguei de boa.
Foram apenas pouco mais de 250 Km pedalados no total, mas seis dias cheios de aventura e emoção.
Agradeço a Deus por ter me proporcionado mais esses momentos de graça e ventura ao contemplar a imensa obra de Sua criação.
Agradeço a todas as pessoas que encontrei pelo caminho, com as quais de uma forma ou outra interagi.
Agradeço mais uma vez ao pessoal do Camping Mandizeiro (Sr. Otávio, Marcelo e Joseano) pela calorosa acolhida. Agradeço também a Allany e demais pessoas do Camping Palmar, os quais sempre me receberam com muito carinho e calor humano.
Não posso me esquecer daqueles que oraram e torceram pela minha recuperação, em especial aos meus Fisioterapeutas, Ronaldo e Kasuo da Clínica Astarte.
Um abraço especial a todos aqueles e aquelas que nos lêem e incentivam as nossas viagens cicloturísticas.
Obrigado Jesus!
Até a próxima!
Antigão.