Brotas, SP, é uma cidade conhecida por abrigar várias modalidades de turismo de aventura. Cidade limpa, calma e aconchegante, Brotas é o berço da dupla sertaneja João Paulo & Daniel, o primeiro já falecido.
Conheci Brotas em 2009 e me apaixonei á primeira vista. Durante esses últimos anos sempre alimentei o desejo de voltar lá um dia, principalmente ao Camping Jacaré, onde mora a paz e o sossego.
Nos últimos meses eu havia planejado pedalar de Charqueada até Brotas, seguindo por Ipeúna, Itirapina, atravessando 34 Km de estradas de terra, na bela Serra de Itaqueri.
Contudo, aprouve a Deus mudar o rumo do meu planejamento, pois eu fiquei hospedado na casa de parentes em Piracicaba, ao invés de Charqueada, distante 25 Km de Piracicaba.
Assim, de última hora decidi seguir para Brotas, mas passando por Águas de São Pedro, São Pedro, Patrimônio de São Sebastião da Serra e finalmente Brotas.
Assim, na madrugada do dia 13/06/2012, feriado em Piracicaba, o celular me despertou ás 5 horas da manhã. Imagino o que pensavam as pessoas nas ruas ao observarem aquele “véio” maluco, pedalando um bike carregada numa manhã embaçada pela neblina, ás 6:30 da manhã. Feriado, mas o mundo não para! Havia muita gente nos pontos de ônibus, decerto aborrecidas por terem que ir para o trabalho num feriado municipal enquanto aquele “véio” pedalava sorridente a sua bike toda iluminada, parecendo uma árvore de natal. Afe!!!
A neblina, diante da lente da máquina fotográfica, faz as gotas parecerem balões festivos e coloridos, como em festas de aniversário crianças.
Fazia um pouco de frio, mas a emoção de pedalar em busca de uma nova aventura me aquecia.
Eu tinha que praticamente atravessar Piracicaba, pois estava num bairro próximo a saída da Rod. Luiz de Queiróz e pretendia pegar a Estrada para São Pedro, no outro extremo da cidade.
O Big Peixe, no início da Rod. Luiz de Queiroz.
Na SP – 304 a neblina predominava, mas de maneira suave.
A distância entre Piracicaba e São Pedro, passando por Águas de São Pedro, não é tão grande. Pouco mais de 40 Km. Contudo, como apenas uma parte da estrada possui acostamento e o trânsito nesse trecho é muito intenso, a tensão e o cansaço é muito grande. Pedalar no cascalho, capim, subir para a pista e ter que fugir sempre que aparece um caminhão é muito desgastante.
Este trecho fica entre Águas e São Pedro e pode ser considerado excelente para pedalar perto dos trechos por onde passei!
Portal de Águas de São Pedro, um dos municípios mais pequenos do Estado de São Paulo.
Rodoviária de Águas de São Pedro, onde parei para tomar um lanchezinho reforçado. Aqui encontrei um senhor, cabeleireiro das proximidades, que ficou admirando a Mentika, minha bike. Contou que devido a problemas de coração – taquicardia – teve que adaptar um motor na bike dele e agora percorre feliz o pequeno município de Águas atendendo os clientes em domicílio.
Saí dali, enfrentei o subidão em direção a São Pedro e quase sem poder subir ao conforto da pista asfaltada, cheguei a São Pedro.
Portal de São Pedro.
A partir deste momento um pensamento começou a assombrar-me: A Serra de São Pedro! Como seria subi-la mesmo empurrando a bike? Em anos anteriores eu já descera por ela e naquelas ocasiões todos os santos me ajudaram. Mas… agora… subindo os santos estariam ausentes!
Parei na Rodoviária e tomei um cafezinho. Adoro café!
O sol começava a dar as caras mas mesmo assim eu me recusava a tirar a malha de manga comprida que estava por baixo da camiseta verde refletiva.
Entrei no Parque Maria Angélica para conhecer e aproveitei a fonte de água mineral “Nhá Rita” para encher as caramanholas.
Saí do Parque, peguei um subidão, pedalei uma dezena de metros e desci da bike para empurrar. Neste momento escutei gritos: Ei ciclista, Ei ciclista!!! Um jovem sorridente corria em minha direção. Mais dois apareceram correndo atrás dele. Chegou até mim e se identificou dizendo que corre de bike speed, adora bikes. Ficou fascinado com a bike carregada e depois de fazer várias perguntas sobre de onde eu vinha e para onde ia, apontava para mim e dizia aos amigos: Tá vendo, vem de Piracicaba e vai para Brotas! Despediram-se os três desejando-me boa viagem.
Logo cheguei a praça central onde havia uma agência do Banco Santander que dizia ser Banco 24 horas. Tentei sacar uns trocados, mas a auxiliar do banco me disse que o 24 horas não funcionava por lá. Aborrecido deixei a agência bancária e segui em direção á serra.
Havia pedalado algumas quadras quando um senhor parou o carro ao meu lado, baixou o vidro e queria saber de onde eu vinha e para onde ia. Arregalou os olhos quando me ouviu dizer o destino: Brotas. Brotas???!!! disse ele admirado. Acenou com a cabeça em sinal de aprovação e me desejou boa viagem.
Fui pedalando lentamente subida acima em direção á Serra. Á medida que eu pedalava a temperatura ia caindo e o tempo ia fechando
Até que… cadê a estrada??? Os carros passavam por mim e apenas uns metros e eu não mais os via. Ora, se eu não os via, logo eles também não me viam!!!
Daí para a frente foi ficando cada vez pior e a ideia de voltar começou a martelar a minha cabeça. Pedalar tudo bem, mas arriscar a vida fazendo isso?! Confesso que eu percebia o susto que os motoristas sentiam quando me avistavam. Mantive os três piscas ligados o tempo todo e fui subindo cautelosamente.
Demorei bastaste para chegar cansadíssimo ao Portal do Bairro de Santo Antônio, pouco antes do trevo para a Estrada do Patrimônio. A forte neblina havia exigido muita atenção e isso deixa a mente um pouco estafada.
O Portal.
Assim que cheguei ao trevo parei numa venda para sentar um pouco e ao mesmo tempo reabastecer a água e mais algumas coisinhas, pois sabia que dali para diante não haveria mais lugares onde faze-lo, exceto no Patrimônio, uns 20 Km para frente.
Dá para ver o trevo?
Parei uns 20 minutos, puxei conversa com o dono da mercearia, mas ele apenas comentou que a neblina aparecera naquele dia e se calou. Despedi-me e peguei a Estrada do Patrimônio ainda com neblina. Aos poucos a neblina foi se dissipando e a paisagem calma e bucólica foi aparecendo.
Opa, tá na hora do lanche! Agora havia sol. Parei para tomar um lanche, afinal nem a bike é de ferro!
Um hambúrguer caprichado, um suco de laranja e uma maça, á sombra dos eucaliptos, revigoraram as minhas forças. Olhei no relógio, eram 13 horas. Que tal esticar o esqueleto por uma meia hora?
Ligue as três fotos abaixo e veja o que aconteceu na meia hora seguinte:
Depois de um cochilo reparador, vamos voltar a estrada. Quando cheguei havia um ruído de moto-serra nas proximidades, contudo agora o silêncio predominava. Silêncio total quebrado apenas pelo farfalhar das folhas dos eucaliptos, ao sabor do vento. Reanimado, peguei a estrada novamente.
Opa, olha lá a Represa do Jacaré! Estou chegando ao Patrimônio!
Bairro do Patrimônio. Há uma bela e convidativa estrutura de campismo e lazer próximo á represa, mas eu precisava continuar pedalando para chegar ao meu destino.
Ah, o meu amigo Sombra resolveu aparecer! Ele detesta a neblina, mas como o sol apareceu ele resolveu dar as caras. Seja bem-vindo amigo!
Oba, uma plaquinha muito simpática!
Entrada do Hotel do Mosteiro.
Mais alguns Km adiante e cheguei ao trevo da SP-197.
Rodovia de acesso á Cidade de Brotas.
Antigo pontilhão da estrada de ferro.
Chegando a Brotas… que tarde maravilhosa!
Camping do Jacaré e…
Minha futura e simpática residência!
Com 94,890 Km pedalados, um pouco de tensão no começo devido á neblina, eu estava lá, sorridente, louco para tomar um banho quente e descansar para o dia seguinte.
Mas, que tal deixarmos as emoções dos dias seguintes para um novo post?
Então fica combinado: os demais dias serão descritos num novo post.
Por ora, obrigado Papai do Céu!!!
4 comentários:
Ô Loco Antigão, que pedal fantástico..... Não conheço Brotas, agora por este post posso dizer.. "Não Conheço Brotas, por enquanto"
Abraço amigo e parabéns pelo relato.
O que foi aquela soneca de 30 minutos heim patrão? "Cosa" linda ohhh... como diria um bom manezinho da ilha!!!
Showwww...
Abraços
Marcelo.
hola, chamigo!
relati lido visto e admirado!
aguardamos o dia seguinte...
abraços
Belo pedal e belas fotos .
Parabens,
Marcio
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