Diz o dito popular que “a fé remove montanhas”. Permitam-me discordar dessa máxima. Na minha modesta opinião “o exercício da fé remove montanhas”. O Apóstolo Paulo numa de suas epístolas bíblicas afirma que a fé sem obras é morta, corroborando a minha modesta opinião.
Mas, afinal, o que isso tem a ver com cicloturismo? Ocorre que depois de todos os problemas de saúde que tive no ano passado e no início deste, eu precisava exercitar a minha fé, retornando ás cicloviagens. E assim o fiz na madrugada do dia 20/05/2012, lançando-me numa empreitada de aproximadamente 200 Km.
Confesso que a minha meta era fazer 150 Km num único dia, mas, felizmente não foi possível. No relato nós iremos descobrir porque o felizmente se coloca tão bem nessa cicloviagem.
Objetivo: Sair da Zona Leste de São Paulo, onde moro, pedalar até a Estação Tatuapé da CPTM, embarcar no trem com a bike e chegar até Mogi das Cruzes, SP. De lá, chegar até Ilhabela,SP, passando pelos municípios de Biritiba Mirim, Salesópolis, Paraibuna, Caraguatatuba e São Sebastião.
Os mapas das duas fazes, antes e depois do trem e as altimetrias mostram o que tive que encarar.
Altimetrias:
Acordar ás 4 da matina com o frio que fazia em São Paulo não foi muito fácil. Por mais que gostemos da prática do cicloturismo a cama quentinha e aconchegante parece ter garras de urso pardo nessas horas! Como sói acontecer minha mente dizia: Vamos, Antigão! Mas o meu corpo se recusava a aceitar o pedido. Nessa luta de titãs deu resultado psicossomático! Para mim venceu a razão, mas para muitos venceu a loucura!
Como a bike já estava praticamente pronta da noite anterior, restou-me os preparativos de última hora e pedal na avenida!
Ás 4:47 da manhã lá vai o Antigão para mais uma aventura!
A gente olha as pessoas que precisam sair aquela hora da manha, todas encapotadas nos pontos de ônibus e parece que lemos os seus pensamentos. O que esse véio doido esta fazendo de bike a essa hora?
Passava um pouco das 5:30, depois de pedalar 10 Km, quando cheguei a estação Tatuapé. Embarquei e próximo das 7 horas desci na Estação Estudantes, em Mogi das Cruzes. Ainda estava frio e nessa região mais próxima á natureza o vento sopra mais gelado.
Logo que peguei a SP-088 fui ultrapassado por muitos bikers de speed que acenavam em comprimento, outros me desejavam boa viagem e alguns pedalavam ao meu lado para prosear um pouco. Pessoal muito bacana, simpaticíssimos.
Á frente parei num posto para tirar um pouco da roupa de frio e olha só que beleza! Dezenas bikes e amigos se preparando para o pedal de domingo!
O pessoal olhou a bike para mim, enquanto eu ia ao banheiro.
Estrada apetitosa para pedalar, mas mesmo assim me contive e fui devagar, pois sabia que há muito não pedalava tantos Km num só dia, portanto tinha que me poupar para chegar bem ao meu destino.
Biritiba Mirim chegou!
Faltavam uns 20 Km para Salesópolis e uma linda cena me chamou a atenção! O grande pelotão de Speeds!
Foi muito legal vê-los todos concentrados em suas velocidades. Quando cheguei a Salesópolis, mais esporadicamente ainda tinha um pessoal pedalando, desgarrado do pelotão principal.
A Mentika, carregada como um camelo, corta lenta, mas bravamente o asfalto da SP-088.
Casa simples e bonita á beira da estrada.
A placa que todo ciclista gosta.
Se falhar os freios, pára dentro da represa, hehehe.
Cheguei em Salesópolis. Daqui para a frente em termos de altimetria será puxado. O teste começa daqui para frente.
Curiosamente estava tirando as fotos quando um biker se aproximou. Vi quando ele estava abrindo um grande portão de ferro. Tratava-se do Valdeque, um cicloturista que fora a Salesópolis para descer a Estrada da Petrobras, mas infelizmente teve uns problemas de saúde e acabou desistindo. Paramos numa padaria e tomamos um lanche enquanto falávamos do nosso assunto predileto: Ciclotur e bikes, hahaha!
Estávamos tomando nosso lanche quando chegou mais um grupo de bikers. Estavam indo para Paraibuna, oriundos de Ribeirão Pires,SP. Iriam por estradas de terra.
A hora do lanche, só bikes!
Enfim, nos despedimos e continuei na estrada
Posteriormente, soube que o Valdeque e o amigo que o acompanhava desceram a Serra da Tamoios e curtiram Caraguatatuba numa boa. Parabéns á dupla de cicloturistas!
Passei numa Loja de conveniências dum posto de combustíveis e peguei um isotônico, já que não tinha na padaria.
Ô plaquinha que judia do cliclista!
Uma subida aqui, outra acolá, as pernas já sentindo um pouco a falta de treino, o longo período de abstinência, mas cheguei a Cachoeira da Porteira Preta.
A Natureza veio me recepcionar!
Descansei um pouco ao lado da cachoeira, comprei uma garrafa de água e saí para encarar as subidas que sabia viriam pela frente.
Confesso, quando cheguei nessa entrada para a Nascente do Rio Tietê eu já estava pregado. Eu perguntava para o Papai do Céu para que subir tanto se teria que descer depois.
A mariposa estava girando feito “mariposa tonta”
á beira da estrada.
O estradão visto por uma bike.
Nessas alturas até o Sombra estava cansado e já sem forças.
Fiquei imaginando quantas vezes incentivamos os novatos, ou pretendentes a cicloturistas, afirmando-lhes que para fazer cicloturismo não é necessário treinamento. Claro que é! Meus músculos das pernas e coxas que o digam!
Quase 16:30 horas. Já estava fazendo frio de novo. Nas subidas eu transpirava e nas descidas devido o vento frio me sentia incomodado. cheguei ao Bairro do Cedro, em Paraibuna. Apenas 8 Km me separavam do Trevo da Rodovia dos Tamoios. Mas, confesso: Estava só o pó!
Comi um salgado, comprei água e perguntei se havia por ali algum Camping ou Pousada, já sabendo da resposta. Não! Quatro e meia, até chegar na Serra seria umas cinco e meia, não, não dava para arriscar descer no escuro. Estava conversando com o dono da lanchonete quando um senhor que tomava uma cerveja me falou sobre o Rancho do Tico. É uma pousada que fica entre o Trevo e a Serra. Agradeci a informação e pensei que em último caso eu pediria para armar a barraca nas proximidades
Bom, ficar ali batendo pago não iria adiantar nada. Melhor era pegar a estrada novamente e encarar as últimas subidas, agora mais leves, até o Trevo. Vesti uma camiseta de manga comprida, uma calça fina de agasalho e caí na estrada novamente.
Meus ouvidos ficavam atentos, querendo o mais breve ouvir o ruído dos carros e caminhões na Rodovia dos Tamoios.
Já nos primeiros Km fiquei admirando uma espécie de gado que consegue pastar inclinado. Deve ser gado montês, hehehe!
Se você chegar no açougue e ver um mocotó menor que o outro, já sabe de onde vieram.
O cair da tarde é lindo! Parece que pedalando fica mais bonito ainda!
Opa, som de carros e caminhões! Enfim estou chegando no Trevo!!! Aguenta aí pernas!
Nesse momento o prazer e a felicidade supera todas dores musculares.
Mais uns 5 Km de pedal pela Rodovia dos Tamoios e cheguei ao Rancho do Tico.
Fui excelentemente atendido por Dna. Rose, a proprietária. Negociei com ela uma meia diária num chalé. R$ 45,00 com café da manhã estava ótimo!
O chalé com TV, frigobar, roupa de banho e cama, muito limpo e aconchegante. Coloquei a bike para dentro e fui tomar um banho quente.
Depois do banho quente, desci uma escada íngreme para o restaurante. O cheiro gostoso de comida mexia com o meu estômago combalido.
Caramba, foi duro descer as escadas! As pernas se recusavam a dar mais um passo! Só mesmo uma boa janta me motivava a andar mais um pouco!
O Cozinheiro é o Mineiro, um sujeito super bacana!
Vocês estão servidos?
Bom, gente, assim terminou esse dia com 101 Km pedalados.
Amanhã cedo recomeçamos o pedal em direção a Ilhabela.
Inté!
7 comentários:
Imagino sua felicidade por estar de novo na estrada. Parabéns, você venceu.
Que maravilha patrão!!!
Que estrada, que dia e que pousada o senhor encontrou heimmm...Comida boa e uma cama confortável para descansar o corpinho judiado.
Parabéns sempre!!!
Abraços
Marcelo.
Aew, Antigão!
Retroceder, Nunca! Render-se, Jamais!
É bom demais ver você de volta à ativa!
Aguardamos o 2º relato agora!
Abração!
Parabéns Antigão, satisfação em conhecê-lo em um local que mais gosto de estar, na estrada pedalando, obrigado por nos citar em seu Blog, espero revê-lo em breve...grande abraço.
Antigão, é fantástico vê-lo novamente postando o que mais gosta, ou melhor... o que nós todos cicloturistas gostamos....
Parabéns pelo retorno
Grande abraço e fica com Deus...
Obrigado a todos pelas palavras elogiosas e de incentivo.
Graças ao Papai do Céu humildemente estamos voltando para admirar essa natureza tão bela que Ele nos deu!
E como é bom ter amigos como vocês!
Grandes abraços!
Muito Bom!
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