Há uns bons tempos atrás, depois da primeira viagem que fiz para Anhembi-SP em dez/2010, estando eu em Piracicaba peguei a estrada novamente prara rever aquela bela e simpática Cidade. Um pequeno percurso de 74 Km.
Escolhi pedalar para a Cidade de Anhembi pelo fator altimetria, pois esta era a opção mais favorável ás minhas condições de momento. Ademais, 74 Km não seria uma Kilometragem alta, o que me permitiria fazer uma média baixa ou nem me preocupar com a média, pedalando devagar. Eu teria o dia inteiro para fazer o percurso.
No Camping Anhembi, onde me hospedei, eu teria a proteção do quiosque, haja vista o período de chuvas constantes.
(Clique nas imagens para ampliar)
Altimetria do percurso.
Anhembi-SP é uma cidade pequena, porém aconchegante. Há vários restaurantes, farmácias, padarias, mercadinhos além do Anhembi Camping que, além de ficar num local muito tranquilo, possui uma ótima infra-estrutura.
A cidade faz parte do Polo Cuesta, embora eu particularmente acredite que as autoridades deveriam explorar mais os recursos naturais, destinando-os ao turismo ecológico.
Bike preparada no dia anterior:
Naquela manhã o relógio me despertou ruidosamente. Acordei entre entusiasmado e apreensivo, pois seria a minha primeira viagem depois de muitos meses ausente dos pedais. "Será que eu aguentaria?" era a pergunta que desde o dia anterior martelava insistentemente a minha cabeça. Por outro lado, meu slogan "A fé é a minha energia" me empurrava para fora da cama.
Assim, após os últimos preparativos, tomei um gole de café e saí pedalando com a bike carregada, para o espanto das pessoas que estavam nos pontos de ônibus, aguardando a condução para irem ao trabalho.
Vencidos os primeiros 10 Km que me separavam do bairro onde estava até o início da estrada, parei num posto de gasolina para dar uma regulada no câmbio dianteiro, pois estava com dificuldade para entrar a coroinha (22 dentes). Ora, após tantos meses de ausência dos pedais eu não poderia arriscar uma ciclo-viagem onde a marcha mais leve não seria possível!
Resolvido o impasse com o câmbio dianteiro, me pus na SP-147 em direção a Anhembi-SP.
Nomes estranhos, né?
Qual ciclista não conhece esta indústria?
Se eu estava animado, o Sombra então!...
A Mentika deslizava suave pela estrada sem fim.
A manhã ainda fresca estava ótima!
Aos poucos a paisagem ia se modificando. Saía da cidade para a área rural de Piracicaba.
Muitas mangas maduras á beira da estrada. Não estão bichadas nem têm marimbondo no pé!
Eu já havia pedalado perto de uns 25 Km, passado o trevo para Artemis quando me deparei com um grupo de caminhantes que estavam fazendo o Caminho do Sol.
Parei para prosear com o Gustavo, o primeiro dos caminhantes. Naquela manhã eles sairam de Monte Branco e se dirigiam para Artemis-SP, penúltima parte do caminho, que termina em São Pedro-SP. Aquela altura o sol ia alto.
Dividi a minha água com o amigo caminhante, pois a dele estava pouca e eu com mais 10 Km pedalados teria onde reabastecer.
Não tirei fotos do pessoal, pois eu estava filmando.
Diante da paisagem abaixo, a estrada que segue sinuosa, o verde predominante, o vento acariciando o meu rosto, parei e fiquei pensando na bondade de Deus que me permitiu mais uma vez poder admirar a beleza ímpar de Sua arte. Poxa, depois de tantos momentos difíceis eu simplesmente estava ali! Não era mentira, nem sonho.
Cansado, suado, mas eu estava ali, a caminho de mais uma aventura sobre a minha bike. Nem sei quantos minutos eu permaneci ali, estático, em silêncio, até que os meus ólhos ficaram marejados de lágrimas.
Para mim foi emocionante! Suspirei fundo e segui pedalando alegremente.
Oba! 35 Km pedalados, cheguei em Pau D'Alho!
Um salgado, um coca geladinha, reabastecer a água era tudo o que eu precisava!
Flores exóticas.
E vamos em direção á Pinga!!!
Antes de chegar em Tanquã encontrei um ciclista que vinha em direção oposta. Estava de luvas, capacete, uma bike Caloi Aluminun, mas trazia um estranho e enorme cesto no bagageiro traseiro. Ele freou e acenou para que eu parasse. Atravessei a pista, pois havia sombra do outro lado.
O enorme cesto no bagageiro era uma adaptação, pois ele usava a bike para ciclo-viagens e ao mesmo tempo complementava a renda catando latinhas de alumínio á beira das estradas. Conhecia quase todas as estradas da região e já viajara bastante por elas.
Ficamos batendo papo durante um bom tempo pois ele queria saber tudo sobre cicloturismo. Fiquei com pena dele quando disse que tinha mais de 50 anos e nunca tinha visto o mar. Seu sonho era pedalar até Santos-SP para ver o mar. Expliquei o que ele poderia fazer para pedalar até Santos e dei o endereço do Fórum Pedal (www.pedal.com.br) para que ele entrasse e pudesse ler tudo sobre cicloturismo.
Despedimo-nos e confesso que pedalei muitas horas ainda pensando naquele biker pobre e desafortunado.
Que bela porteira.
Caramba! Minha água acabou! Mas... ah, o bar do Chico estou a salvo!
Ledo engano, tudo fechado! Subi o acesso em terra e parei defronte ao portão da casa. Tentei gritar para o dono da casa, mas um barulho ensurdecedor de roçadeira abafava meus gritos. Já estava quase desistindo quando o motor da roçadeira morreu. Antes que dessem a partida de novo gritei!
- Ô de casa! Ô de casa! e bati palmas.
O portão se abriu e um homem anunciou que fechara o bar; não funcionava mais. Perguntei se não tinha como me arrumar um pouco de água para eu seguir viagem. Me indicou uma torneira, disse que a água era ótima para beber e que eu podia me fartar.
Agradeci e fui para a torneira encher o "bucho" e as caramanholas.
A bondosa Sra. Torneira.
Agora com o "bucho" e as caramanholas cheias de água, logo cheguei á Tanquã.
Não faltava muito para chegar, estava começando a ficar com fome, um caminhão de carroçaria longa, coberta por uma lona faz uma curva vindo em minha direção e algumas laranjas saem rolando para o acostamento.
Que chato, algumas racharam com o impacto no solo, outras se perderam no capim alto do acostamento e só aproveitei uma.
Foi a laranja mais deliciosa que já "comi" até hoje, hehehe! "Comi" literalmente, pois quase nem as sementes sobraram!!!
Logo vieram as descidas e cheguei ao meu destino: Anhembi-SP. Que céu carregado!!!
Parei na cidade para algumas compras e fui reconhecido por alguns comerciantes, pois já estivera por lá em dezembro de 2010. O dono da padaria puxou conversa e falamo-nos por alguns instantes. Despedi-me prometendo aparecer por lá outra hora para batermos um papo mais longo. Gente boa!
Descansei um pouco e rumei para o Anhembi Camping, que fica a 6 Km da cidade.
Um muro carro ou um carro muro?
Depois de 6 Km de terra e cascalho, com o céu prenunciando chuva, cheguei ao Camping.
Montei minha “casa” e fui passear um pouco pelo Camping.
Parece que todos os pássaros do mundo resolveram ir para lá. Que sinfonia!
Tem gente que faz casa de bambu, tem pássaro que faz casa no bambuzal.
A felicidade do Antigão.
O gramado impecável. Paisagens, flores e frutos.
A fé.
As formigas que não trabalham aos sábados.
Visitas indesejáveis.
Que me perdoem os vegetarianos...
Sr. Milton, proprietário do Camping, levando-nos a passear de Chalana.
No sábado ao final da tarde, deu uma ventania danada e caiu uma chuva torrencial. Choveu a noite inteira e no domingo amanheceu chovendo.
Chovia, parava, chovia, parava.
Estava arrumando as minhas coisas para ir embora quando me ofereceram uma carona até a saída de Piracicaba. Hesitei, mas diante dos torós que caiam intermitentemente não tive como recusar. A janela da compensação psicológica sussurrava aos meus ouvidos que eu não estava em condições físicas de declinar do convite.
Para o bem estar de todos e felicidade geral da nação: Aceitei!
Foi providencial ter aceitado a carona. Choveu forte o trajeto inteiro. As baixadas da estrada estavam cheias de água e minha esposa me ligara preocupada, pois em Pira estava caindo o maior toró!
Foi assim que deixei o Camping e cheguei em Piracicaba por volta das 17:30 horas de domingo.
Agradeço ao Sr. Milton pela carona.
A última foto que tirei ao chegar em Piracicaba é estranha. No alto da Avenida Raposo Tavares, embora estivesse chovendo podia-se ver o sól dando um verdadeiro espetáculo ao longe.
Cheguei em casa á noitinha, doido por um banho quente e um belo prato de comida!
Esse passeio foi emocionante. Pedalei ao todo por 93 Km.
Agradeço a Deus por mais essa oportunidade e a compartilho com todos vocês.
Obrigado pelo prestígio e um grande abraço do antigão.
"Para Deus nada é impossível".
Grande amigo,
ResponderExcluirSeus pedais são sempre muito gostosos de acompanhar, mesmo que só pela net.
Um grande Abraço
Parabéns pelo retorno. Estava ansioso pela volta dos pedais. Grande abraço.
ResponderExcluirObrigado, amigos! Realmente ainda não voltei, mas pretendo voltar em breve, se Deus quiser. Por ora estou só na fisioterapia e alongamentos.
ResponderExcluirSaudades de montão de um pedal longo pelas regiões praianas... Mas, sabemos que existe tempo para tudo. Assim, logo matarei de vez essa saudade!
Grande ciclo-abraço!
Oi waldson! Grande viagem, lindas fotos. Tudo tão verde, tão diferente do nosso sertão aqui (que também tem suas belezas, é vero...).
ResponderExcluirNosso blog mudou de endereço, dê uma olhada lá: http://www.dalamaaocaos.com. Grande abraço!