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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Dando a volta por cima - Ilhabela via Salesópolis-SP - 2º Dia.


(Clique nas fotos para ampliar)

24/06/2011 - Segundo dia de pedal.

O dia amanheceu com uma temperatura fresca e agradável. Era 7 horas da manhã e eu ouvi o pessoal abrindo os portões do Camping e carros chegando. Continuei deitado mais uns 15 minutos e então levantei-me para mais um dia.

Dei muitas graças a Deus, pois não sentia absolutamente nenhuma dor, nem cansaço. A coxa esquerda que me incomodara um pouco no dia anterior? Poxa nem parecia que pedalara 117 Km no dia anterior! Nada, absolutamente nada!



Eu até havia comentado com o pessoal do Mandizeiro que talvez passasse mais um dia por lá, mas diante de como me sentia ótimo, comecei logo a desmontar o barraco.
Comi um "chapado" (pão com manteiga na chapa) e um pingadão muito bem preparado pelo Sr. Otávio e enquanto carregava o celular e a bateria da câmera fui conversar com o senhor Milton que chegara a beira do rio com duas gaiolas nas mãos.
Qual não foi a minha alegria ao saber que ele trouxera os pássaros para soltá-los, devolvê-los á natureza de onde um dia sairam! Que legal! Depois de parabenizá-lo pela bela iniciativa fiquei observando a soltura dos mesmos. Interessante que, mesmo com as portas das gaiolas abertas os pássaros, um Azulão e um Canário da Terra, não sairam voando como eu pensei. Permaneceram no interior da gaiola como se nada de diferente houvesse acontecido.
Sr. Milton disse que sabia haver azulões e muitos canários da terra naquele local e que, se até a tardinha eles não tivessem voado por conta própria, providenciaria para eles saissem das gaiolas para terem tempo de se juntarem aos seus demais antes de cair a noite.

Parabéns mais uma vez ao Sr. Milton pela grandeza desse maravilhoso gesto!

Gaiolas abertas!





 Sr. Otávio e Joseano do Camping Pesca e Lazer Mandizeiro,  pessoas muito educadas e atenciosas.


Enquanto tomava o café da manhã, assistindo a Rede Globo, observei que os repórteres alertavam os motoristas que havia muita neblina na serra áquela hora da manhã, portanto passava das 9 quando deixei o Mandizeiro, seguindo em direção a Rodovia dos Tamoios.

A beleza e a calma do rio


Logo cheguei ao trevo, no Km 39,5. Agora eu teria que seguir a esquerda, em direção a Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo. Havia bastante trânsito em direção ao litoral, embora não fosse como nos dias de trânsito mais pesado.

O trevo com a Tamoios.


Que bela cerca, hein!


Olhem para a placa abaixo...


Leram? Pois bem, vale mais lerem de baixo para cima. Ou seja: "Ciclistas e Pedestres, Cuidado!"
Assim é a Rodovia dos Tamoios. O que costumamos chamar de "acostamento" aqui é chamado de "Pista Auxiliar". Pedalar aqui sem um bom espelho retrovisor é praticamente um suicídio. Por quatro vezes, mesmo ligado no espelho retrovisor, fui jogado para fora da pista. Duas vezes por caminhões e duas por carros de passeio. Ocorre que, se os veículos vem em sua direção e estão sendo ao mesmo tempo ultrapassados, não há o que fazer: caia fora da pista!!!

Assim, como dizia meu professor de música, "um olho na partitura, outro no maestro".

Não é gesso. É cimento mesmo!


Bom, então lá vamos nós!


Logo o meu amigo Sombra apareceu para me acompanhar em mais 
este dia de pedal. Bem-vindo amigão!


Se você está bem o dia também fica bem e, consequentemente tudo fica mais bonito!
O céu azul claro e as águas azuis escuro contrastam com o verde da natureza e a mureta branca, recentemente pintada.


Interessante o desenho arquitetônico desta construção.

 O pedal estava muito bom. Nada de empurrar mais a bike nas subidas, eu me sentia ótimo. Era como se o dia anterior tivesse sido um grande treino, me preparando totalmente para o dia seguinte.

Serra do Mar a vista gente!!!


Bom, não cheguei á descida da serra, mas já 
estou em Caraguatatuba, hehehe!


Alguns poucos Kms adiante e essas duas placas apareceram como duas águias de bom agouro.



Olha só para onde vou!


Logo vou estar naquela Cidade lá em baixo... São Sebastião!


Aqui, como eu queria, devido ao grande movimento de descida, logo alcancei um caminhão carregado de botijões de gás e fiquei atrás dele. Curva a esquerda, curva a direita, caminhão atinge 40 Km/h, caminhão reduz para 35 Km/h e eu estou grudado atrás dele. Nalguns trechos a fila de carros que se formava atrás passava e só ficava eu atrás do caminhão de gás.

Alguns carros davam uma buzinada de saudação enquanto passavam ao meu lado e tudo corria normalmente quando um carro preto de quatro portas ficou ao meu lado. Com os vidros totalmente abaixados as jovens que lá iam puseram as cabeças e mãos para fora, acenavam e gritavam:

- Vai aventureiroooooo! Parabéns aventureiroooo! É isso aí aventureiroooo!

Foi um grande auê! Eu caí na risada, lógico e eles continuaram descendo a serra.

Logo em seguida, como que estimulado pela hilariante e estridente saudação e já com as mãos doendo de tanto segurar as manetes de freio, ultrapassei o caminhão e lá fui eu na minha velocidade. Afinal eu era "O aventureiro"!

A descida da Serra pela Tamoios é emocionante. Quem já desceu pela Mogi-Bertioga eleve a emoção a enézima potência. Diga-se de passagem, esta descida é muito mais segura que pela Mogi-Bertioga, haja vista que há por aqui um pouco de acostamento, exceto em curvas mais fechadas.

Assim, depois de tantas emoções, 51, 14 Km pedalados cheguei em Caraguá.

Na serra eu chegei a 61,3 Km/h. Não corri muito, pois esqueci de contar que no primeiro dia eu cheguei a tomar um grande susto quando entrei em alta velocidade numa curva e quase não fiz a mesma! Tô tremendo até hoje!


Parei para almoçar ás 13:30 horas, numa lanchonete á beira da estrada, ainda em  Caraguá. 
Arroz, feijão, salada, fritas e um belo e apetitoso contra-filé. Eu estava realmente com fome!
Não me preocupei muito em descançar após este lauto almoço. Parei por uns quinze minutos apenas e caí na estrada novamente. Agora eu queria chegar em S. Sebastião para pegar a balsa para Ilhabela. Ainda faltavam uns 30 Kms, mais ou menos de pedal.

Saindo de Caraguá. Não fui pela praia pois já passavam das 14 horas e eu precisava chegar ao Camping antes de escurecer.


Pedalei rápido até o primeiro subidão já em S. Sebastião. De Caraguatatuba para S. Sebastião tem umas 3 ou 4 boas e longas subidas.




Olha o marzão aí do lado!


Ilhabela, sempre bela, ao fundo...



Tô chegando... me aguarde!


Cheguei á balsa ás 16 horas, precisamente quando uma balsa estava para levantar âncora, Que ótimo!


 Antigão, chegaste ao teu destino! A fauna e a flora te saúdam!...










Cheguei, gente!!!! Obrigado Grande Deus!!!


Às 16:30 horas, após 78,12 Km pedalados, cheguei ao Camping Palmar, onde sempre fui excelentemente recebido.

Casa construída, agora é só desfrutar da beleza da Ilha.


Que lugar invejável, hein?!



Bom, como não tenho compromissos assumidos, não sei quando deixarei a Ilha, se domingo, segunda ou terça-feira.

Talvez você queira ver mais fotos como esta e muitas outras surpresas, mas... isso fica para o dia seguinte, pois agora vou tomar um banho bem quente e descansar.


Até amanhã! Ou melhor, 3º Dia!


quarta-feira, 29 de junho de 2011

Dando a volta por cima - Ilhabela via Salesópolis-SP - 1º Dia.

Olá, pessoal!

"Ói nóis aqui traveis!"

Como diz o título desta matéria - Dando a volta por cima - há um duplo significado nessas palavras.
Como muitos estão sabendo fiquei mais de dois meses sem pedalar. Fui acometido por uma crise de hérnias de disco, tanto cervicais quanto lombares, a qual me impediu de chegar perto de bicicletas.
Foram muitas visitas aos PS de Hospitais, várias caixas de comprimidos e injeções, sem contar as 21 sessões de fisioterapia. Mas, agora tudo isso é passado, graças ao bom e misericordioso Deus!
Assim, tão logo eu fiquei bom, a idéia de um novo ciclotur foi se formando em minha cabeça: Eu precisava dar a volta por cima! Sim, dar a "volta por cima", pois eu já estivera em Ilhabela-SP por duas vezes, mas o fiz pedalando "por baixo", pela Rio-Santos, descendo a serra pela Rodovia Mogi-Bertioga. Agora eu queria dar a volta por cima, descendo pela Rodovia dos Tamoios, via Salesópolis.
Tempos antes de eu adoecer eu lera um tópico no Fórum Pedal de cicloturismo onde o amigo forista Rdias comentava sobre a Rodovia SP-088, que liga Mogi das Cruzes á Rodovia dos Tamoios, dizendo que a mesma fora totalmente recuperada e estava uma delícia para um pedal.


Assim nasceu o projeto de chegar a Ilhabela, litoral norte de São Paulo, saindo de Mogi das Cruzes, com pernoite em Paraibuna. Embora isso me custasse acrescentar 36 Km a mais no passeio, haja vista que a SP-088 sai no Km 55 da Rodovia dos Tamoios, mas eu teria que retornar ao Km 39,5 parar acessar a Estrada da CESP e chegar ao Camping Mandizeiro, onde faria o meu pernoite. No dia seguinte passaria de novo no Km 55 da Tamoios para então acessar a descida da serra em direção a Caraguatatuba, já no litoral norte.

Durante a semana que antecedeu ao projeto, amadureci melhor a idéia, fiz alguns contatos, conversei com meus fisioterapeutas e tudo transcorreu normalmente. Apenas uma dúvida restava: Será que eu aguentaria pedalar mais de 100 Km num só dia após ficar dois meses parado? Como as minhas costas e demais músculos reagiriam ao esforço físico que se apresentava? Afinal, embora me sinta muito bem, já não sou tão jovem!
Combinei com a minha esposa que, em caso de pane muscular ou qualquer outro sinal de dor ou indisposição, ligaria para ela e retornaria de onde estivesse sem forçar.

Assim, na manhã do dia 23/06/2011, quinta-feira, por volta das 5 horas da manhã, deixei a minha casa em direção a Estação Tatuapé da CPTM, onde pegaria o trem e chegaria até a cidade de Mogi das Cruzes, onde começaria realmente o meu ciclotur. O projeto previa sair pedalando no primeiro dia da Estação Estudantes em Mogi das Cruzes e chegar a Paraibuna, passando por Biritiba Mirim e Salesópolis, cidades ao longo da Rodovia SP-088. No segundo dia, após pernoitar em Paraibuna, pretendia chegar a Ilhabela, passando por Caraguatatuba e São Sebastião, já no litoral norte do Estado.

Mapas do passeio: (Clique nos mapas para ampliar)




Como um bom e prevenido "véio" deixei tudo preparado na tarde/noite anterior, deixando apenas as caramanholas para serem enchidas com água na manhã seguinte.

(Clique nas fotos para ampliar)

Bike pronta para a viagem.



Após pedalar por uns 10 Km, não era ainda 6 horas da manhã e eu já estava na Estação Tatuapé aguardando o trem para Guaianazes, de onde faria baldeação para Mogi das Cruzes.


As 6 embarquei no primeiro trem e logo chegamos a Guaianazes. Em meia hora eu já estava no segundo trem, agora só desembarcaria na Estação Estudantes, em Mogi das Cruzes.

Trem vazio para o horário, numa manhã de feriado prolongado, mesmo porque eu estava seguindo no sentido Cidade - Interior.



Estação Estudantes em Mogi das Cruzes.


Parei numa lanchonete ao lado da Estação, comi um pãozão de queijo acompanhado de um pingado (café com leite) bem quentinho. Aproveitei e comprei um isotônico sabor uva verde, que eu acho delicioso.

Bom, agora era pé na estrada. Não adiantava mais o frio na barriga, a ansiedade, a incerteza "será que eu chego lá?". A manhã estava fresca e agradável, muito convidativa para o pedal. Assim, logo acessei a SP-088 e procurei manter uma velocidade e cadência compatíveis com o meu despreparo. A Estrada estava ajudando, pois é um plano só até Biritiba Mirim.

Ciclovia no início da SP-088. Só no início...



Decapitei o gigante Bandeirante para sair na foto. Antes ele do que eu!



Céu de brigadeiro prenunciando um ótimo ciclotur!


As primeiras placas anunciando quantos Kms pedalar e as paisagens que vão sugindo ao longo da estrada.




Opa, por enquanto tudo bem!


Também num planão desses qualquer um pedala! 



Esta região é um cinturão verde de hortaliças destinadas a suprir o mercado de São Paulo. São chácaras e mais chácaras com chafarizes irrigadores ligados regando as hortaliças logo pela manhã.



Biritiba Mirim chegou, passou e eu continuei pedalando numa boa.




Agora, algumas subidas apareceram, mas nada assustadoras.


  
Opa, meu amigo Sombra! Seja bem-vindo ao pedal meu amigo!


Uma das coisas mais gostosas nesses passeios é 
descer a serra que não subimos.


A paisagem  começa a mudar... surgem as águas. 
A grande represa de Salesópolis.




Uma brisa fresca e agradável saúda o cicloturista nesta manhã de temperatura bastante amena.


Mais alguns Kms... uma boa subida e eis que surge Salesópolis! Na entrada da Cidade uma loja de artesanatos exibe suas obras de arte!

Chamou-me a atenção o enorme elefante esculpido em madeira. Lembrei-me que quando menino havia em casa um elefante enorme em gesso pintado.



O portal da Cidade.


Parei numa lanchonete para recalibrar o estômago, comprar água e ir ao banheiro.

Daqui para a frente comecei a enfrentar subidas. Algumas enormes e bem íngremes! Minha coxa, ou mais precisamente o músculo anterior da minha coxa esquerda, começou a dar sinais de fadiga. Interessante eu estava com apenas uns 65 Km pedalados e nem imaginava que imensos subidões ainda estariam por vir! 

Ao ver a placa abaixo tomei um grande susto: 84 Km para Paraibuna???!!! Não, não era possível! Alguma coisa estava errada. Será que "São Google", sempre tão milagreiro e solícito se enganara desta vez e me pregara uma grande peça?!


Mais alguns metros adiante chamei um senhor que pedalava  em sentido contrário e perguntei-lhe quantos kms faltavam para chegar á Rodovia dos Tamoios. Ele, pensou um pouco e respondeu sorrindo:

- Uns 70! E tem bastante  tope (subidas), que judia um bocado!
Mas como querendo me consolar, vendo a minha cara de espanto, complementou:
- Mas tem umas descidas boas que vão ajudar.

Agradeci a informação e pensei... 70 Km... ferrou!!! Depois de alcançar a Rodovia dos Tamoios eu ainda teria que voltar mais uns 18 Km até o Pesqueiro Mandizeiro... tava perdido!
Mas logo em seguida me reanimei e tomei uma decisão que, creio, me ajudou bastante a vencer o primeiro dia: Todas as subidas (topes) que aparecessem eu subiria empurrando a bike. Nada de pedalar subidona acima, eu precisava poupar a minha coxa esquerda!
E assim o fiz. Pouco a pouco, Km a Km fui vencendo o espaço que me separava do meu objetivo.

Ah, então é aqui que começa a famosa Estrada da Petrobrás! 
Um dia eu ainda venço você, se Deus quiser!


É interessante essas placas. Ao invés de ter uma placa só anunciando que não haverá mais acostamento até a Tamoios, aparecem várias placas ao longo da estrada com os Kms a frente, que somados, resultam em: Não há mais acostamento até o fim  desta rodovia!





Aos poucos vamos subindo, subindo, subindo... 
onde será que termina isso tudo?


Olhem. Eu vim lá de baixo. Até aqui é um subidão lascado! Não fui á Nascente do Tietê. Eram mais 6 Kms em terra e eu não podia me dar a esse luxo.


Aqui eu sentei e descancei por uma meia hora. Um subidão danado! Não havia absolutamente viva alma na estrada... silêncio total. Passada a meia hora, fiz um alongamento e continuei empurrando até o final da subida.



Oba, graças a Deus mais uns 20 e tantos Km e estarei no meu destino! Esse Bairro do Cedro, onde parei para tomar uma Coca zero, marca o final das subidas até a Tamoios.


Mais paisagens ao longo da rodovia.

 
Passava um pouco das 16 e 30 horas quando cheguei ao Pesqueiro Mandizeiro. 117 Kms pedalados no primeiro dia, nada mal para quem ficou parado durante mais de dois meses. Acredito que, depois da orientação divina, a minha decisão de empurrar nas grande subidas foi decisiva para chegar até aqui.


Tomei um banho de gato (pois aqui não tem chuveiro) e comi uma suculenta calabreza na chapa, no pão francês. Fiquei batendo papo com o pessoal que eu já conhecia do ano anterior, quando juntamente com o Luciano Ramos aqui estivemos. 
Embora tenha chegado cansado, nenhuma dor nas costas ou que pelo menos relembrasse as dores pelas quais eu passara nos últimos dois meses. Glórias a Deus!




A noite chegou e fui dormir cedo, afinal estava cansado e no dia seguinte ainda teria uma nova etapa para vencer.
Desta vez não estava frio como no ano passado. É certo que coloquei uma camiseta de manga comprida para passar a noite, mas não estava frio. Caí duro, dormi como uma pedra.
Acordei com vontade de ir ao banheiro. Olhei no relógio, eram 3:18 da madrugada. Levantei, peguei o farolete e fui ao banheiro, distante uns poucos metros. Na volta vinha distraído, ainda sonolento quando ouvi uma grande zurra! Uma espécie de latido forte mas meio assoprado. Que susto! Virei o farolete para o lado de onde viera o barulho e lá estava ela... há uns cinco metros de mim... uma enorme e bela Capivara! Enquando ela me olhava meio desconfiada entrei na barraca e continuei o meu sono interrompido.

Até amanhã! Ou melhor, até o 2° dia.




Antigão.